sexta-feira, 2 de outubro de 2015

APRENDER A DIZER “NÃO”

                            
Contam as tradições populares da Índia que existia uma serpente venenosa em certo campo. Ninguém se aventurava a passar por lá, com medo de receber um bote. Mas um dia, um santo homem, a serviço de Deus, passou pela região, mais confiado no Senhor que em si mesmo. A serpente o atacou, desrespeitosa. Ele dominou-a, porém, com o olhar sereno, e falou: “MINHA FILHA, É DA LEI DIVINA QUE NÃO FAÇAMOS MAL A NINGUÉM.” A víbora recolheu-se, envergonhada. O sábio continuou o seu caminho e a serpente modificou-se completamente. Procurou os lugares habitados pelo homem, como desejosa de reparar os antigos crimes. Mostrou-se integralmente pacífica, mas, desde então, começaram a abusar dela. Quando perceberam a submissão absoluta da serpente, homens, mulheres e crianças davam-lhe pedradas. A infeliz recolheu-se à toca, desalentada. Vivia aflita, medrosa, desanimada. Eis, porém, que o santo homem voltou pelo mesmo caminho e resolveu visitá-la. Ele espantou-se, observando tamanha ruína. A serpente contou-lhe, então, a história amargurada. Desejava ser boa, afável e carinhosa, mas as criaturas perseguiam-na e apedrejavam-na. O sábio pensou, pensou e respondeu após ouvi-la: “MAS, MINHA IRMÃ, HOUVE ENGANO DE TUA PARTE. ACONSELHEI-TE A NÃO MORDERES NINGUÉM, A NÃO PRATICARES O ASSASSÍNIO E A PERSEGUIÇÃO, MAS NÃO TE DISSE QUE EVITASSES DE ASSUSTAR OS MAUS. NÃO ATAQUES AS CRIATURAS DE DEUS, NOSSAS IRMÃS NO MESMO CAMINHO DA VIDA, MAS DEFENDE A TUA COOPERAÇÃO NA OBRA DO SENHOR. NÃO MORDAS, NEM FIRAS, MAS É PRECISO MANTER O PERVERSO A DISTÂNCIA, MOSTRANDO-LHE OS TEUS DENTES E EMITINDO OS TEUS SILVOS.”

 
Observação de Rudymara: Esta lenda está no livro Os Mensageiros, escrito por André Luiz, psicografado por Chico Xavier. Ela deixa claro que, devemos ser bom, tolerante, manso e pacífico, mas quando convivemos com “cobras”, que nos atacam, maltratam, ofendem, que são grosseiros, hostis, não devemos justificar nossa submissão dizendo que devemos ter paciência, tolerância e relevar. Estamos perdendo a oportunidade de ajudar o agressor a enxergar sua agressividade, sua falta de amor ao próximo, seu orgulho e egoísmo acentuado. Como fazemos isso? Mostrando nossos dentes, sem ferir, sem ofender, mas aprendendo a falar “não” na hora certa. Eu “não” quero ser tratada assim; eu “não” quero ser humilhada; eu “não” vou admitir sua grosseria; eu “não” vou fazer o que você quer porque você não faz o que eu quero; eu “não” vou com você porque você não vai comigo; etc.
 

Por que, neste mundo, a influência dos maus geralmente sobrepuja a dos bons?

Por fraqueza dos bons. Os maus são intrigantes e audaciosos; os bons são tímidos. Quando estes o quiserem, haverão de preponderar.             

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