quinta-feira, 27 de maio de 2010

JESUS CONVERSA COM A SAMARITANA



Judéia, Galiléia
e Samaria eram províncias da Palestina.
Dentro de cada província havia muitas cidades por onde Jesus visitava constantemente.
Por exemplo: Na Judéia ficava Jerusalém, Jericó, Belém, Betânia; na Galiléia ficava Betsaída, Cafarnaum, Caná, Naim e Nazaré; na Samaria, Jesus esteve poucas vezes, porque os samaritanos recebiam seus compatriotas com hostilidade.
Os samaritanos achavam que o culto a divindade deveria ser feito no Monte Garizim, onde existiu um grande templo. E o restante do país, consagrava o templo em Jerusalém.
Eram filhos da mesma raça separados por preconceitos e divergências religiosas, coisa que acontece até hoje. Desentendimentos entre irmãos em nome de Deus, como se o objetivo do culto fosse a guerra, não a paz.
Mas Jesus decidiu atravessar a região hostil. Já em terra dos samaritanos, o sol estava abrasador, Jesus sentou-se a um poço. Uma mulher aproximou-se. Jesus pediu-lhe água. A mulher, percebeu que se tratava de um galileu, provavelmente pelo sotaque, surpresa ela disse:
- Como, sendo tu galileu, me pedes de beber, a mim que sou mulher samaritana?
Jesus respondeu:
- Se conhecesses o dom de Deus e quem é que te pede água, tu terias pedido e eu te daria água viva.
Sem entender a resposta, mas certamente impressionada com aquele forasteiro corajoso que rompia arraigados preconceitos, a mulher comentou:
- Senhor, não tens com que tires água do poço, que é fundo. Donde tens, então essa água viva? És tu, porventura, maior do que nosso pai Jacó, que nos deu esse poço, do qual bebeu, assim como seus filhos e seus rebanhos?Jacó é um dos pais do povo judeu, aquele poço teria sido aberto por ele.
Jesus respondeu:
- Quem bebe desta água tornará a ter sede, mas quem beber da água que eu lhe der, jamais terá sede. Ao contrário, a água que eu lhe der se tornará nele fonte a jorrar para a vida eterna.Muitas pessoas anciosas e desatinadas, buscam saciar sua sede em águas enganosas, como nos vícios. Porque os vícios são poços sedutores, que oferecem euforia em princípio, mas nos jogam no fundo do poço em tormentosas perturbações e desequilíbrios. Muitas pessoas buscam também, em outros poços como: no poço do conforto, no poço do poder, no poço da riqueza. Mas, de poço em poço, constatam que essas águas não saciam. Somente uma fonte é capaz de saciar plenamente nossa sede de paz.
“A fonte de água viva oferecida por Jesus.”
Esta fonte, bruta pura e cristalina de seus ensinamentos, nos oferece uma perspectiva de vida mais nobre, bela e digna, marcada pelos valores do Bem e da Virtude.
Mas, por que há uma busca em igrejas e templos religiosos da água que sacia a sede, mas muitos continuam sedentos?
Porque a água na cisterna (cacimba) não sacia a sede, ou seja, nós temos a água, mas falta-nos a iniciativa de buscá-la. Porque, isso pede algumas mudanças drásticas em nossa vida, que nem sempre estamos dispostos a efetuar. Por exemplo: perdoar, superar as ambições, eliminar os vícios, combater os impulsos agressivos, ajudar o semelhante . . . Porque como diz André Luiz: “O semelhante é a ponte que nos leva à Deus.”

Mas, a samaritana não entendeu que água era aquela que saciaria a sua sede para sempre. Então, pediu anciosa:
- Senhor, dá-me dessa água para que eu não tenha mais sede, nem precise vir tirá-la daqui.Jesus respondeu:
- Vai, chama o teu marido e volta aqui.
Ela, constrangida disse:
- Senhor, eu não tenho marido . . .
Jesus disse:
- Disseste bem, declarando que não tens marido, porquanto cinco maridos tiveste e o que agora tens não é teu marido.
Impressionada com aquele forasteiro que mau a conhecia, mas que muito sabia de sua vida, a samaritana pediu:
- Senhor, vejo que és profeta. Dize-me, então: nossos pais adoraram Deus neste monte (Garizin) e vós outros dizeis que em Jerusalém é o lugar onde se deve adorá-Lo.Este momento, é dos mais importantes no Evangelho. Porque o Mestre lança os fundamentos da verdadeira adoração dizendo:
- . . . Mulher, crede-me. Virá a hora em que não será nem neste monte, nem em Jerusalém que adorareis o Pai. Deus é espírito e em espírito e verdade é que o devem adorar os que o adoram.
Em nosso relacionamento com Deus, julgamos que haveremos de encontrá-lo nos templos religiosos. Mas, se Deus é espírito, Ele está em todos os lugares, dentro e fora dos templos. E agradá-Lo, não é freqüentar templos religiosos, em dias e horas certas, ou então, utilizando práticas exteriores, e esquecer o fundamental, que é o combate às nossas imperfeições, no esforço de renovação íntima que marca a verdadeira religiosidade. Temos que ser verdadeiros (diante dos ensinamentos evangélicos) em todos os lugares, dentro e fora dos templos, no lar, no trabalho, na rua, no trânsito, etc . . . Nos templos buscamos o entendimento e o fortalecimento para enfrentarmos os problemas, as dores, as aflições que apareçam em nossas vidas. Para isso é preciso procurar Deus “em espírito e verdade.”

· Em Espírito: é buscá-lo dentro de nós, nos dispondo a ouvi-lo na intimidade da nossa consciência. Diariamente, num canto qualquer, onde estejamos a sós, façamos cessar o pedido dos interesses imediatistas e cultivemos a reflexão, buscando meditar sobre nossa vida, o que somos, o que estamos fazendo na Terra, e o que Deus espera de nós, e fazendo um pouco a Sua vontade.

· Em verdade: é quando cultivamos o bem, a verdade e a virtude em todas as situações, em todos os lugares, que testemunhamos a autenticidade de nossa fé. Porque muitos, freqüentam seus templos religiosos, em hora e dia marcado, como se aquele ato fosse agradar a Deus. E quando saem dali, odeiam, revidam agressões, blasfemam, estragam seus corpos e comprometem o espírito com vícios. Ser verdadeiro, diante dos ensinamentos do Cristo, são nas 24 horas do dia, onde estivermos, com todos e conosco mesmo. Por exemplo: Em público dizemos:

- Os meios de comunicações estão pervertidos. É só sexo, violência, imoralidade, degradação! É o fim do mundo! Precisamos combater essa invasão das trevas!
Na intimidade agimos diferente dizendo:
- Hoje é dia daquele filme apimentado, no canal de variedades. Não posso perder.

Toca o telefone. O filho informa:
- Papai, é o prefeito. O senhor atende?
- Claro, imediatamente!

Pouco depois batem à porta:
- Papai, é um pedinte. Quer falar com o dono da casa.
- Diga que não estou . . .

No templo religioso, alguém conclama:
- Somos todos filhos de Deus. É chegada a hora de mudar. Não podemos resistir aos apelos do Bem.
Na saída do templo, ao ver que seu automóvel foi riscado, grita:
- Pivete ordinário! Mau caráter. Se o pego hei de esganá-lo. Esses bandidos devem ser fuzilados.


Se agirmos assim, estaremos enganando a nós mesmos.

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